Existem mais razões lógicas do que sentimentais pelas quais os profissionais da nova geração estão trocando grandes empresas por startups, e elas não giram em torno da possibilidade de trabalhar em um ambiente descontraído.

Essa migração de interesse também não ocorre somente para profissionais em busca de carreiras na área da tecnologia, nem pelo crescimento do trabalho freelancer.

Startups são modelos de negócio que visam um crescimento acelerado a partir da oferta de um produto ou serviço inovador, e isso não necessariamente implica na comercialização de softwares e equipamentos tecnológicos.

Como identificar uma startup em relação às demais empresas?

Afinal de contas, em muitos mercados seus faturamentos já nascem grandiosos e deixam para trás empresas tradicionais. E principalmente, elas já têm se mostrado muito mais atraentes e relevantes para os talentos profissionais da nova geração e para os nômades digitais.

Sem dúvidas, essa é uma discussão latente que trazemos para o post de hoje e que pode fazer com que várias empresas repensem seu posicionamento no mercado, forma de gerenciar seus negócios, processos e pessoas.

Você também está precisando fazer essa reflexão? Então, me acompanhe!

O conceito de startup: tabus versus realidade

Fios de computadores espalhados pelo chão, sofás rasgados no canto do escritório, que na verdade, foi concebido em um dos cômodos da casa de seu idealizador.

Essa é a forma como muitas pessoas acreditam ser a constituição e organização de uma startup. Mas a verdade é que elas estão muito longe disso, graças às soluções que propõem desenvolver e comercializar.

Sejam serviços como a produção de conteúdo otimizado para o Google, seja um aplicativo para logística de transporte, as startups desenvolvem planos de negócios minuciosos a partir de uma solução inovadora para o público-alvo.

Assim, fica mais fácil apontar o que podem ser considerados tabus e realidades para fazer seu conceito mais fiel.

São mais ágeis frente às mudanças do mercado: realidade

Possuem estruturas enxutas e processos otimizados. Com estas características, conseguem responder mais rapidamente às mudanças do mercado e exigências dos clientes.

Não são necessariamente pequenas, algumas startups como a Rock Content de Belo Horizonte já empregam mais de 300 funcionários diretos e milhares de profissionais freelancers. Se o número de recursos humanos não parece muito expressivo, o volume de conteúdos e estratégias de marketing digital desenvolvidas porém, são arrebatadores, o que prova que elas conseguem obter mais resultados, com muito menos custos.

Possuem estruturas desorganizadas: tabu

Com aporte dos investidores e rígidos processos para obter incentivos, as startups criam ambientes funcionais, que promovem a interação e os processos mais otimizados. À medida que crescem, impõem cada vez mais seus estilos, que mesmo descontraídos, tem princípios científicos que favorecem a concentração e criatividade de seus funcionários.

De fato, podem haver videogames, cachorros podem ser bem-vindos, mas tais incrementos têm foco e objetivos bem alinhados com as propostas e metas do negócio.

Possuem modelos escaláveis de negócio: realidade

Por desenvolverem um produto ou serviço diferenciado ou inexistente no mercado, a grande maioria das startups precisa de investimentos externos concedidos por instituições de fomento à inovação ou investidores-anjo.

Para isso, precisam desenvolver plano de negócios detalhados que justifiquem o investimento demonstrando que seu modelo é escalável e pode gerar retornos consideráveis.

São administradas por jovens sem experiência de mercado: tabu

A idade de seus criadores é indiferente. Tanto jovens quanto profissionais sêniores podem desenvolver uma startup do zero, a ideia otimizada do negócio é que faz com que ela tenha o caráter inovador, e não a data de nascimento de seus fundadores.

A falta de experiência dos jovens também não é mais um obstáculo para o sucesso do negócio. Como precisam justificar as razões para que recebam aportes e investimentos de terceiros, a concepção da startup precisa ser bem planejada, registrada e monitorada.

Em outras palavras, a gestão inovadora faz parte de seu sucesso e é baseada em indicadores de performance e resultados previamente planejados para atestar que o caminho certo está sendo trilhado.

Somente empresas que desenvolvem tecnologias podem ser consideradas startups: tabu

Qualquer empresa com uma ideia inovadora e um plano acelerado para estabelecer-se no mercado pode ser considerada uma startup. Isso inclui serviços, produtos, consultorias e todas as outras formas de comercialização.

Tecnologias inseridas em seus processos, no entanto, são cada vez mais frequentes, e isso é natural quando os objetivos de fazer mais e melhor são parte da concepção do negócio das startups. Escalar a produção, as vendas e ainda assim, implantar diferenciais e valores nos produtos finais são metas muito mais facilmente conquistadas com as tecnologias certas.

Perfil dos profissionais que estão trocando grandes empresas por startups

Ao contextualizar uma startup, o perfil de profissionais que se adaptam à ela também fica muito claro. Criativos, engajados, em busca de conhecimento, experiências valorosas e com grande vontade de fazer diferença.

Sim, essas são algumas características dos profissionais que buscam oportunidades nas startups e estão dando menos importância ao status proporcionado pelos cargos em empresas tradicionais. Também destaca-se outros elementos de seu perfil, como:

Focados em resultados

Mais do que o potencial em obtê-los, as startups valorizam profissionais que de fato conquistam resultados. A graduação e outras comprovações acadêmicas são importantes, mas uma experiência com grandes resultados conquistados é igualmente valorizada ou mais.

Engajados com os valores e objetivos da empresa

A nova geração de profissionais busca oportunidades de emprego em organizações que têm valores similares aos seus. Isso envolve desde questões de sustentabilidade, como foco de expansão em mercados externos.

Startups também cultuam a importância do aprendizado contínuo e isso é muito relevante para profissionais que querem ser valorizados por seus esforços de aprimoramento intelectual e de experiências, mesmo que elas no primeiro momento não tenham ligação direta com suas responsabilidades dentro da empresa.

Com boa capacidade de autogerenciamento

Autonomia é uma dos benefícios que as startups oferecem aos seus profissionais, mas eles precisam saber administrar suas responsabilidades com sabedoria. Muitos daqueles que estão trocando grandes empresas por startups estão em busca de flexibilidade e horário, trabalhar com processos menos burocráticos e poder tomar decisões que podem contribuir para o negócio no timing certo.

Versáteis, apaixonados por inovação e trabalho em equipe

Estruturas menores exigem maior interação de seus profissionais, e isso permite que a troca de conhecimento seja levada para outro nível. Trabalhar em equipe é essencial, assim como o reconhecimento da contribuição de todos os envolvidos no resultado final.

O profissional também deve estar pronto para atuar em funções e áreas que não estavam em seus planos originalmente, mas a maioria deles verá tal situação como uma oportunidade de aprendizado e não como algo ruim. Isso aumentará sua visão do negócio, e claro, sua paixão pela inovação.

Motivos pelos quais mudar o foco profissional

Essa mudança de interesse provoca outro questionamento importante: startups possuem salários e benefícios mais atraentes que grandes empresas e multinacionais? Dificilmente.

Então, porque atraem e retêm tantos talentos profissionais? Porque não só de recompensas materiais vive um funcionário. Estar em um startup significa acompanhar o embrião de um sucesso, ajudar na construção sólida de um negócio que podem escalar resultados incríveis.

Não é atoa que em processos de recrutamento das startups, ter uma experiência prévia em outra empresa do mesmo modelo é tão valorizado. É o tipo de conhecimento que pode ser aproveitado para os resultados que estão no foco do negócio.

Cobranças, metas e outras diversas ferramentas administrativas fazem parte do ambiente destas empresas, mas a forma como são colocadas são mais inovadoras e envolventes, amenizando ou até mesmo eliminando todo o estresse que elas podem causar oferecendo flexibilidade, lazer e um ambiente que esteja em sintonia com os gostos de seus funcionários.

Além disso, em organizações mais enxutas, o valor e a contribuição de um funcionário é muito mais evidente, o impacto de suas ações será muito mais evidente. Em vez de ser apenas mais um número da folha de pagamento de uma multinacional, o profissional passa a ser membro e peça fundamental não só do operacional, como das estratégias do negócio.

Tudo isso é convertido em resultados em um curto prazo. As chamadas startups unicórnios estão aí para contar a história, e principalmente, inspirar novos empreendedores.

Fórmula do sucesso de startups unicórnios (e as que estão quase lá)

Startups chamadas de unicórnio são aquelas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares, e o que mais impressiona nesses números são sua relação com o capital investido e estrutura física necessária.

É claro que ao longo de seus desenvolvimentos tais empresas precisam expandir, mas se comparadas com a estrutura de empresas tradicionais, são muito mais enxutas e portanto, eficientes.

O Brasil já tem três delas, Nubank, 99 táxi e PagSeguro. Cada uma com diferentes histórias, origens e foco, mas todas com um conceito em comum: oferecer uma solução inovadora para um mercado carente.

Nubank

A Nubank conquistou merecidamente seus resultados ao apostar em uma solução bancária virtual, eficiente, sem anuidade e cobranças mínimas, apenas por questões contratuais como atraso de pagamentos, por exemplo.

Como o mercado estava carente de soluções como esta, conquistou rapidamente o público, mas para que se mantivesse sustentável, manteve a inovação como foco central de sua gestão.

99 táxi

Ao receber um aporte sem precedentes, a 99 táxi foi intitulada a primeira unicórnio brasileira. Seu início foi modesto no mercado, já haviam outras concorrentes com serviços similares. Porém, com estratégias simples e eficientes, ela rapidamente ganhou o mercado.

Ao cadastrar os taxistas, por exemplo, começou isentando as viagens, e quando alguém solicitava um táxi, era aconselhado por ele mesmo a fazer a chamada pelo 99 táxi. Um marketing boca-a-boca fundamental.

Sua ideia é simples, conecta milhares de motoristas aos interessados em fazer viagens por meio de um aplicativo intuitivo e cheio de possibilidades de marketing, o que também reforça seus potenciais de ganho.

Rock Content

A Rock Content, como já mencionada anteriormente, entra para a lista das potenciais unicórnios dos próximos anos, mas já se destaca como a maior empresas de marketing de conteúdo da América Latina.

Sem dúvidas não é um resultado simples de ser alcançado, e não é por acaso que a empresa entrou para o seleto grupo Endeavor recentemente. Sua principal estratégia é explorar por meio de um processo otimizado, a produção de conteúdos para web que atraiam mais clientes para os negócios de suas contratantes.

Movile

Com o nome Movile também ninguém reconheça seu sucesso, mas ao dizer que ela é responsável por aplicativos como o IFood e Playkids, sua menção na lista como futuro unicórnio brasileira parece óbvia. Além de parcerias como a gigante Disney, seus gestores se amparam no fato de atuarem em um mercado com grande potencial de crescimento, o de aplicativo.

Analisando suas concepções e oportunidades, não é difícil entender porque as novas gerações de profissionais estejam trocando grandes empresas por startups, mas também não é possível afirmar que as empresas tradicionais estejam com seus dias contados, apenas que precisam reavaliar seus processos para tornarem-se mais competitivas no mercado em que atuam e como fonte de interesse dos talentos profissionais.